Já tinha conseguido reunir todo o material
de que iria precisar. Aquilo ia ser de arromba!, pensava extasiado, enquanto
arrumava o explosivo e o detonador moderno na sua mochila. Congratulou-se por
nunca ter deitado fora aquelas provas. Era lamentável que aquela tecnologia
ficasse inútil no seu gabinete, ele daria um bom uso a tudo aquilo.
O final aproximava-se e Álvaro precisava
comemorar, a garganta estava seca e o seu corpo pedia uma bebida forte. Saiu descontraidamente
do edifício, evitando os inspetores que ainda por ali andavam. Passou no bar do
outro lado da rua e comprou uma garrafa para levar para casa, precisava de
beber sem testemunhas.
Jaime ficara cismado com a cena do dia
anterior. Não queria levantar grandes ondas, mas queria tirar a limpo com
Margarida, ou Nuno, o que se passara, porque tinha ficado quase duas horas num
ermo às escuras à espera de um dos dois. A rapariga garantira-lhe que deveria
ter havido algum contratempo, mas o seu instinto de polícia começou a
lançar-lhe alertas em Bold, assim que o feitiço do decote desapareceu.
Enviou um SMS para o novo telefone de
Margarida, esperando que ela o contactasse. Como não tinha a certeza de que
Nuno estivesse a par daquela reunião secreta, decidiu esperar pela resposta
dela.
O telefone de Margarida tremeu em cima do
móvel e Nuno que tinha ido beber água à cozinha, pegou-lhe, curioso. Talvez
fosse Ana, ansiosa pela chegada dos dois, que deveria estar a pé desde cedo a
iniciar os preparativos para a festa. Viu no visor a informação de um SMS de
Jaime e ficou intrigado, o colega não costumava falar diretamente com ela… uma
ponta de ciúme começou a ferver-lhe na nuca, deixando-o nervoso. Debateu-se com
a decisão de abrir a mensagem, e não conseguiu resistir, lendo o SMS que lhe
deu um nó no estômago vazio,
“Olá Margarida,
Porque não apareceste ontem?
Passou-se alguma coisa?
Jaime”
Que
merda era aquela agora??,
enfurecia-se Nuno, que apagou a mensagem automaticamente. Não compreendia aquela
conversa, Margarida só estivera uma vez ou duas com Jaime, e sempre na sua
presença. Mas eles encontravam-se? Ficou confuso e nervoso, sem saber o que
pensar. Dirigiu-se ao quarto decidido a atirar aquilo a limpo, quando estacou,
deu meia volta e pegou no telemóvel dela. Enviou um SMS a Jaime como resposta,
“Olá Jaime,
Não deu.
Podemos falar hoje?
23h00 no Pub perto de minha casa.
Margarida”
Apagou automaticamente a mensagem enviada
e ficou revoltado consigo mesmo, que se deixava levar pelos ciúmes agoniantes,
esperando ansioso pela resposta, que precisava de apagar urgentemente do
telefone. Passado um minuto ela chegou, dando-lhe um frio na espinha,
“Ok,
Lá estarei,
O Nuno sabe?”
Ah, ah!..., afinal o traidor confessava que havia ali tramóia entre os dois.
Enfurecido, escreveu a resposta,
“Não,
Por favor não digas nada.
Até logo”
Enviou e imediatamente recebeu mais um
SMS,
“Ok,
Até”
Apagou todas as mensagens, olhando
furtivamente por cima do ombro, com receio de que Margarida ou Sofia o apanhassem
a mexericar num telefone que não era o seu. Pousou-o na mesa e arrastou-se
abatido para o quarto de banho. Olhou-se no espelho e rezou para que aquilo
tivesse uma explicação. Das duas umas, ou mataria Jaime ali mesmo no Pub, ou
teria de se explicar a Margarida porque invadira a sua privacidade, qualquer
uma delas seria catastrófica.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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