sexta-feira, 28 de abril de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 13 (3ª parte)



Já tinha conseguido reunir todo o material de que iria precisar. Aquilo ia ser de arromba!, pensava extasiado, enquanto arrumava o explosivo e o detonador moderno na sua mochila. Congratulou-se por nunca ter deitado fora aquelas provas. Era lamentável que aquela tecnologia ficasse inútil no seu gabinete, ele daria um bom uso a tudo aquilo.
O final aproximava-se e Álvaro precisava comemorar, a garganta estava seca e o seu corpo pedia uma bebida forte. Saiu descontraidamente do edifício, evitando os inspetores que ainda por ali andavam. Passou no bar do outro lado da rua e comprou uma garrafa para levar para casa, precisava de beber sem testemunhas.
  

Jaime ficara cismado com a cena do dia anterior. Não queria levantar grandes ondas, mas queria tirar a limpo com Margarida, ou Nuno, o que se passara, porque tinha ficado quase duas horas num ermo às escuras à espera de um dos dois. A rapariga garantira-lhe que deveria ter havido algum contratempo, mas o seu instinto de polícia começou a lançar-lhe alertas em Bold, assim que o feitiço do decote desapareceu.
Enviou um SMS para o novo telefone de Margarida, esperando que ela o contactasse. Como não tinha a certeza de que Nuno estivesse a par daquela reunião secreta, decidiu esperar pela resposta dela.

O telefone de Margarida tremeu em cima do móvel e Nuno que tinha ido beber água à cozinha, pegou-lhe, curioso. Talvez fosse Ana, ansiosa pela chegada dos dois, que deveria estar a pé desde cedo a iniciar os preparativos para a festa. Viu no visor a informação de um SMS de Jaime e ficou intrigado, o colega não costumava falar diretamente com ela… uma ponta de ciúme começou a ferver-lhe na nuca, deixando-o nervoso. Debateu-se com a decisão de abrir a mensagem, e não conseguiu resistir, lendo o SMS que lhe deu um nó no estômago vazio,

“Olá Margarida,
Porque não apareceste ontem?
Passou-se alguma coisa?
Jaime”

Que merda era aquela agora??, enfurecia-se Nuno, que apagou a mensagem automaticamente. Não compreendia aquela conversa, Margarida só estivera uma vez ou duas com Jaime, e sempre na sua presença. Mas eles encontravam-se? Ficou confuso e nervoso, sem saber o que pensar. Dirigiu-se ao quarto decidido a atirar aquilo a limpo, quando estacou, deu meia volta e pegou no telemóvel dela. Enviou um SMS a Jaime como resposta,

“Olá Jaime,
Não deu.
Podemos falar hoje?
23h00 no Pub perto de minha casa.
Margarida”

Apagou automaticamente a mensagem enviada e ficou revoltado consigo mesmo, que se deixava levar pelos ciúmes agoniantes, esperando ansioso pela resposta, que precisava de apagar urgentemente do telefone. Passado um minuto ela chegou, dando-lhe um frio na espinha,

“Ok,
Lá estarei,
O Nuno sabe?

Ah, ah!..., afinal o traidor confessava que havia ali tramóia entre os dois. Enfurecido, escreveu a resposta,

“Não,
Por favor não digas nada.
Até logo”

Enviou e imediatamente recebeu mais um SMS,

“Ok,
Até”


Apagou todas as mensagens, olhando furtivamente por cima do ombro, com receio de que Margarida ou Sofia o apanhassem a mexericar num telefone que não era o seu. Pousou-o na mesa e arrastou-se abatido para o quarto de banho. Olhou-se no espelho e rezou para que aquilo tivesse uma explicação. Das duas umas, ou mataria Jaime ali mesmo no Pub, ou teria de se explicar a Margarida porque invadira a sua privacidade, qualquer uma delas seria catastrófica.

(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)

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