Às 20h00 em ponto ele já estava estacionado
em frente ao prédio dela. Margarida tinha pensado várias vezes em cancelar o
jantar, ainda estava furiosa com aquela insinuação despropositada de que tinha
ciúmes! Em vez disso, decidiu atacar o adversário e lançou-se num trabalho
cuidado de se aperaltar convenientemente. Ele ia lamentar a hora em que julgou
estar em vantagem emocional. Agora ela ia esfregar-lhe a cara no chão e pisá-la
com o pé elegante de salto alto! Vestiu as calças que a tornavam mais magra,
uma blusa caríssima que só usara duas vezes, com botões pequeninos a terminar
um belo decote, ligeiramente transparente e sexy, uma básica de alças por
baixo, pois considerava rasco andar de soutien à mostra, sapatos de salto alto
para alongar as pernas, cabelo esticado, maquilhagem insinuante e, visto que
ele preferia as caixa de óculos, manteve esse pormenor. Olhou-se ao espelho uma
última vez para garantir que não se esquecia de nada e ficou agradada com
aquela visão. Ali estava uma mulher a sério, das que não precisavam de fingir
tropeçar para que um homem olhe para elas!
Assim que saiu do prédio caminhou decidida
para o gigante encostado ao jipe, e regozijou ao ver o seu queixo cair ligeiramente,
tinha corrido melhor do que ela imaginara.
- Então, passa-se alguma coisa? - questio nou ela poderosa.
- Não, claro que não, estás diferente, só
isso. - e desencostou-se atrapalhadamente para a deixar entrar no jipe.
Nuno ajudou-a mais uma vez a colocar o
cinto ferrugento e ela estava decidida a permitir-se apenas aquela fraqueza
feminina.
- Trouxe o pãozinho, como pediste. - e
ergueu um pequeno saco cheio de restos de pão duro. - Espero que os teus
amiguinhos não se engasguem, é que este tem pelo menos duas semanas!
Nuno soltou uma gargalhada e estremeceu ao
sentir-se pequeno diante daquela mulher. A cunhada podia tê-lo prevenido para
aquela eventualidade, Margarida era demasiado maravilhosa.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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