Jaime surpreendeu-se ao entrar
no Pub e ver Catarina ao balcão, animada com outras mulheres. Dirigiu-se a ela,
curioso por saber se Margarida também a convocara para aquele encontro tardio.
Catarina sobressaltou-se ao
vê-lo ali e ficou aflita por ter sido apanhada desprevenida. Inventou uma
desculpa esfarrapada e saiu, fugindo apressada com o pânico de dar de caras com
Margarida, que pelos vistos, iria encontrar-se com ele ali daqui a pouco.
Caminhava nervosa, de telefone na mão, precisava de informar Álvaro daquele
contratempo, quando viu o jipe de Nuno a estacionar em frente do Pub. Que estranho, pensou, talvez fosse
melhor espreitar o que estava a acontecer. Se Margarida tinha combinado um
encontro com Jaime, e Nuno aparecesse para os desmascarar, ela Tinha de ver
aquilo. Antes de entrar, aguardou pela chegada da “chefe” e ligou a Álvaro, ele
gostaria de ser informado daquela novidade!
O polícia atendeu prontamente,
- Estou?
- Álvaro, aconteceu qualquer
coisa de estranho. Estava aqui no Pub perto da casa do Nuno quando o Jaime
entrou e me viu. Veio ter comigo para saber se a Margarida também me tinha
chamado para a conversa. Pelos vistos
eles vão-se encontrar agora. Ah, e o Nuno também veio.
- O quê? – Álvaro ouvia aquela
voz de garnisé, enfurecido, o parvo do Jaime não ficara convencido com as
desculpas de Catarina, no dia anterior e devia estar desconfiado de que eram
treta. Mas porque teria Nuno ido também? Aquilo corria mal, novamente. Ficou
ansioso, deu um gole na sua bebida forte e decidiu não esperar mais. Chegara a
hora. – Espera aí fora pela Margarida, não a deixes entrar, empata-a que eu
estou a ir. Quero apanhá-la. – e estremeceu um pouco por ter denunciado com os
seus modos rudes alguma intenção de magoar Margarida. – Preciso de falar antes
com ela. – rematou.
Catarina não obedeceu, estava
demasiado curiosa com o teor da conversa que estaria a decorrer dentro do Pub e
entrou, escondendo-se. Os dois polícias falavam exaltados, não um com o outro,
mas com qualquer coisa. Ela não os conseguia ouvir. Nuno bebia depressa,
parecia nervoso. Jaime parecia consolá-lo. Talvez ouvisse confissões amorosas
do colega de trabalho. Decidiu obedecer a Álvaro, e saiu para a rua, na
esperança de ainda ir a tempo de apanhar Margarida longe da porta o suficiente
para a empatar. Ligou novamente a Álvaro, enquanto esperava,
- Sim? O que foi? – conduzia
freneticamente, havia pouco tempo para chegar ao local e aquela parva só o
distraía.
- Ela ainda não chegou. Eles
continuam lá dentro à conversa. – Catarina estava nervosa com a ideia de que
Margarida chegasse primeiro que Álvaro, preferia que ele a enfrentasse.
- Fica aí sossegada à espera
dela, estou a chegar. – desligou o telefone e carregou no acelerador, teria de
ser rápido.
Catarina embrulhava o telemóvel
nas mãos, com os nervos em franja, não se tinha preparado para encarar a outra.
Jaime abriu a porta do Pub e ela empalideceu.
- Então? Ainda aqui estás
afinal? – perguntou surpreso ao vê-la.
Jaime conversara com Nuno sobre
o dia anterior e ficara bastante desconfiado de que Catarina andava a meter-se
com as pessoas erradas. Ela metera-o num belo sarilho, quase tinha sido
espancado por Nuno, que pensava estar a ser traído por ele e Margarida e por
uma razão desconhecida, Catarina levara-o para fora do edifício da PJ na noite
anterior. Rezava para que Álvaro não estivesse metido naquelas confusões.
- Sim, - respondeu nervosa, sem
saber o que dizer – desculpa aquilo de ontem. Fui parva em te mentir. Ando
apaixonada pelo Nuno e queria provocar uma discussão entre ele e a Margarida.
Tentei atrai-la até nós ontem, mas ela não fez caso. Queria fotografar-vos
juntos e mostrar a Nuno… - saí-me bem!, pensou ela triunfante e aliviada.
- Pois, logo vi. És mesmo
parva, o Nuno tinha razão. – Jaime ficou satisfeito por ouvir uma desculpa
coerente e Álvaro não aparecer nela. As mulheres eram um bicho terrível,
constatou enojado com Catarina. – Xauzinho. – afastou-se e dirigiu-se ao carro
que estava estacionado numa rua paralela.
Catarina suspirou de alívio,
mas lembrou-se logo de seguida que Nuno ainda estava dentro do Pub e Margarida
deveria aparecer a qualquer momento. Esperou uns minutos que lhe pareceram
séculos, aterrorizada com a chegada iminente da “chefe”, quando finalmente viu
Álvaro aparecer e correu para ele, em pânico.
- O Jaime já se foi embora,
consegui enganá-lo, novamente. – acrescentou orgulhosa. – O Nuno ainda lá está
dentro e a Margarida deve aparecer a qualquer momento.
- Calma, no caminho vinha a
pensar, e acho que vou mudar os planos. Tu continuas aqui fora, à espera dela e
eu vou ter uma conversinha com o meu filho. Está na hora de resolver as coisas
definitivamente. – disse de forma sombria.
- Ok… - Catarina estremeceu com
o olhar negro do polícia e obedeceu sem reclamar. Ele era assustador.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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