- Dirige-te ao aeródromo, por favor. –
ordenou.
Álvaro apontava uma arma a Nuno, que
conduzia encaminhando-se para a ponte, demasiado rápido, com a adrenalina no
máximo, sem ver metade do caminho, apenas pensando no que Álvaro teria para
revelar sobre Margarida.
- Fala cabrão! – não tinha medo de levar
um tiro, só queria que ele dissesse o que se passava com Margarida.
Não entendera ainda a obsessão do chefe por ela, porque a tentara matar. Rezava
interiormente para que fosse simplesmente louco.
- Cabrão? Isso são maneiras de falar com o
teu pai? – escarneceu Álvaro, a vibrar com a revelação por que esperara tantos
anos.
- Pai? – perguntou espantado, o homem era
alucinado – Ainda está mais louco do que eu pensei. Se isto é uma tentativa de
não pagares pelo teu crime, esquece, não vais chegar ao julgamento, te garanto.
– e acelerou a fundo.
Álvaro ficou receoso de se estamparem
antes de ele terminar o que tinha pensado. Tentou colocar o cinto, mas o fecho
estava perro. Precisava de utilizar as duas mãos para fazer força, mas teria de
pousar a arma, pensou ansioso – Prende-me o cinto! –
ordenou a Nuno.
Nuno obedeceu e aproveitou a oportunidade
de conseguir chegar perto dele e da arma. Deu-lhe um soco e guinou o volante ao
mesmo tempo, na direção dos rails. Com o jipe em andamento, e preso contra os
ferros da ponte que atravessavam a alta velocidade, esmurrou Álvaro, que largou
a arma no chão e se defendeu, batendo em Nuno com fúria.
- Para! – berrou Álvaro desesperado com a
atitude suicida de Nuno. – Sou teu pai, sim! A tua mãe traiu o teu pai, para se
vingar dele e usou-me! Era uma mentirosa, enganou toda a gente e nunca me deixou dizer a
ninguém que eras meu filho.
Nuno parou a agressão, tresloucado e fez
um pião com o jipe, colocando-o novamente em alta velocidade, mas em
contra-mão. Os carros desviavam-se, surpresos com aquela condução lunática,
apitando sonoramente. Nuno não conseguia verbalizar nada, apenas expulsava a
raiva em movimentos.
- Tens de acreditar em mim! – gritava
Álvaro. – Só os matei porque ela não queria que fosses meu, mas eras! – uivou
furioso. – Tive de os matar, compreendes? A todos!
Nuno abrandou a marcha do jipe, em transe,
ouvira bem? O doido confessara que tinha morto a sua família… Ia matá-lo, ali
mesmo, prometeu a si mesmo.
Margarida entrou a correr no Pub e não os
viu…. Chegara tarde demais, pensou em pânico. Perguntou ao funcionário por
Nuno, mas ele tinha saído à meia hora, e tinha-se esquecido do telefone na mesa.
Recebeu o aparelho, completamente perdida,
sem hipótese de o localizar, como ele fizera com ela. Quem é que o salvaria
agora?...
Encaminhou-se para a porta, sem conseguir
pensar no que fazer a seguir, quando ouviu gritos perto da esquina.
Sobressaltou-se e correu até lá, com o coração a sair-lhe da boca.
- Diz, filha da mãe! Para onde o levou
ele? – Jaime agarrava Catarina pelos cabelos, completamente histérica a chorar.
- Mas o que é que esta tipa está aqui a
fazer? – Margarida não queria acreditar que ela estivesse envolvida no
desaparecimento de Nuno.
- Ajuda-me, por favor, Margarida! –
implorou ela – Não sei de nada. Eu só tinha ordens para esperar por ti! –
confessou aterrorizada.
- Deixa-a Jaime. Ela é só um monte se
esterco. – Margarida queria matá-la, mas não tinha forças.
- O Álvaro levou-o no jipe. Vou tentar encontra-los.
– Jaime saiu disparado, deixando Catarina caída de joelhos, a chorar
desesperada, sob o olhar gélido de Margarida.
- Juro que não sei de nada. – choramingou,
levantando-se com dificuldade. – O Álvaro queria apanhar-te a ti, não sei
porque levou o Nuno. Aquela
referência a Nuno soou demasiado íntima a Margarida, que se retesou enraivecida
por ouvir o nome do seu gigante naquela boca suja. – Cala a boca. – avisou-a, perdendo as estribeiras.
- Se ele lhe fizer mal não sei o que faço.
Vamos procura-los, por favor. Ele não o pode matar! – suplicou histérica.
Margarida deixou de ver. Aquela mulher
queria ir com ela procurar o seu gigante? Caminhou até ela, cega de ódio, e deu-lhe um
soco violento na cara, materializando tudo aquilo que sentia por Catarina, que caiu redonda, inanimada. Finalmente calara-se,
pensou Margarida.
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(imagem, internet)
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