sexta-feira, 5 de maio de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 14 (4ª parte)



- Dirige-te ao aeródromo, por favor. – ordenou.
Álvaro apontava uma arma a Nuno, que conduzia encaminhando-se para a ponte, demasiado rápido, com a adrenalina no máximo, sem ver metade do caminho, apenas pensando no que Álvaro teria para revelar sobre Margarida.
- Fala cabrão! – não tinha medo de levar um tiro, só queria que ele dissesse o que se passava com Margarida. Não entendera ainda a obsessão do chefe por ela, porque a tentara matar. Rezava interiormente para que fosse simplesmente louco.
- Cabrão? Isso são maneiras de falar com o teu pai? – escarneceu Álvaro, a vibrar com a revelação por que esperara tantos anos.
- Pai? – perguntou espantado, o homem era alucinado – Ainda está mais louco do que eu pensei. Se isto é uma tentativa de não pagares pelo teu crime, esquece, não vais chegar ao julgamento, te garanto. – e acelerou a fundo.
Álvaro ficou receoso de se estamparem antes de ele terminar o que tinha pensado. Tentou colocar o cinto, mas o fecho estava perro. Precisava de utilizar as duas mãos para fazer força, mas teria de pousar a arma, pensou ansioso  – Prende-me o cinto! – ordenou a Nuno.
Nuno obedeceu e aproveitou a oportunidade de conseguir chegar perto dele e da arma. Deu-lhe um soco e guinou o volante ao mesmo tempo, na direção dos rails. Com o jipe em andamento, e preso contra os ferros da ponte que atravessavam a alta velocidade, esmurrou Álvaro, que largou a arma no chão e se defendeu, batendo em Nuno com fúria.
- Para! – berrou Álvaro desesperado com a atitude suicida de Nuno. – Sou teu pai, sim! A tua mãe traiu o teu pai, para se vingar dele e usou-me! Era uma mentirosa, enganou toda a gente e nunca me deixou dizer a ninguém que eras meu filho.
Nuno parou a agressão, tresloucado e fez um pião com o jipe, colocando-o novamente em alta velocidade, mas em contra-mão. Os carros desviavam-se, surpresos com aquela condução lunática, apitando sonoramente. Nuno não conseguia verbalizar nada, apenas expulsava a raiva em movimentos.
- Tens de acreditar em mim! – gritava Álvaro. – Só os matei porque ela não queria que fosses meu, mas eras! – uivou furioso. – Tive de os matar, compreendes? A todos!
Nuno abrandou a marcha do jipe, em transe, ouvira bem? O doido confessara que tinha morto a sua família… Ia matá-lo, ali mesmo, prometeu a si mesmo.


Margarida entrou a correr no Pub e não os viu…. Chegara tarde demais, pensou em pânico. Perguntou ao funcionário por Nuno, mas ele tinha saído à meia hora, e tinha-se esquecido do telefone na mesa.
Recebeu o aparelho, completamente perdida, sem hipótese de o localizar, como ele fizera com ela. Quem é que o salvaria agora?...
Encaminhou-se para a porta, sem conseguir pensar no que fazer a seguir, quando ouviu gritos perto da esquina. Sobressaltou-se e correu até lá, com o coração a sair-lhe da boca.
- Diz, filha da mãe! Para onde o levou ele? – Jaime agarrava Catarina pelos cabelos, completamente histérica a chorar.
- Mas o que é que esta tipa está aqui a fazer? – Margarida não queria acreditar que ela estivesse envolvida no desaparecimento de Nuno.
- Ajuda-me, por favor, Margarida! – implorou ela – Não sei de nada. Eu só tinha ordens para esperar por ti! – confessou aterrorizada.
- Deixa-a Jaime. Ela é só um monte se esterco. – Margarida queria matá-la, mas não tinha forças.
- O Álvaro levou-o no jipe. Vou tentar encontra-los. – Jaime saiu disparado, deixando Catarina caída de joelhos, a chorar desesperada, sob o olhar gélido de Margarida.
- Juro que não sei de nada. – choramingou, levantando-se com dificuldade. – O Álvaro queria apanhar-te a ti, não sei porque levou o Nuno.  Aquela referência a Nuno soou demasiado íntima a Margarida, que se retesou enraivecida por ouvir o nome do seu gigante naquela boca suja. – Cala a boca. – avisou-a, perdendo as estribeiras.
- Se ele lhe fizer mal não sei o que faço. Vamos procura-los, por favor. Ele não o pode matar! – suplicou histérica.

Margarida deixou de ver. Aquela mulher queria ir com ela procurar o seu gigante? Caminhou até ela, cega de ódio, e deu-lhe um soco violento na cara, materializando tudo aquilo que sentia por Catarina, que caiu redonda, inanimada. Finalmente calara-se, pensou Margarida.

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(imagem, internet)

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