À porta do Pub os curiosos observavam a
cena, incrédulos, aquela mulher tinha agredido outra ali mesmo, e afastava-se
calmamente, com cara de poucos amigos. Discutiam se deveriam chamar a polícia,
a rapariga estava inconsciente, mas viva. Tinha sido um soco eficaz.
Jorge, que chegara naquele momento ao Pub,
travou bruscamente o carro ao vê-la a caminhar, sem destino.
- Margarida! – estava aliviado por ter
encontrado um dos dois vivos. – Entra! O que se passou? Onde estão o Jaime e o
Nuno? – ela não falava, parecia sonâmbula. – Por favor, fala comigo! Para onde
foram eles? – insistia.
- Não sei… - as palavras saíam sem força
enquanto se arrastava para dentro do carro – Não sei,…. Jipe...Nuno. – perdeu
os sentidos e desmaiou.
- Merda! – gritou Jorge. Precisava de
encontrar o jipe do irmão, telefonou ao Jaime que atendeu no mesmo instante.
- Jorge! Deixei a Margarida com a
Catarina, estou a percorrer a cidade a ver se os encontro. – relatou
rapidamente o polícia.
- A Margarida está aqui comigo.
Desmaiou-me no carro. Acho que estava em choque. Onde estás? – precisava saber
em que locais o colega já tinha passado. Iria procurar em zonas diferentes.
- Estou na zona Norte da cidade. Vou para
Oeste.
- Ok, vou para Sul. – desligou e acelerou,
tentando deitar um olho a Margarida ao mesmo tempo que procurava um jipe
branco.
- Vais morrer hoje, tens noção disso? –
Nuno tomava o controlo da situação, deixando Álvaro em pânico, surpreendido
pela falta de amor à vida que o filho demonstrava.
- Vais matar o teu próprio pai? – gritou –
Já não tens família nenhuma viva e vais matar o único que te resta? – questio nou aterrorizado.
- Tenho família sim senhor! – berrou Nuno.
– E teria toda se não fosses um assassino! – explodiu batendo com o jipe contra
os rails uma vez mais.
- Então morremos os dois! – gritou Álvaro
descontrolado, tirando do bolso um objeto pequeno com um botão.
Nuno percebeu o que Álvaro tencionava
fazer, ia explodi-los ali no jipe. Tentou raciocinar, não queria morrer. Tinha
ainda tanto para viver com Margarida, queria filhos, ver Sofia casar, ser
feliz. Aquele homem não merecia o seu sacrifício. Uma ideia atingiu-o como um
raio. Funcionaria, se Deus quisesse. Acelerou mais, abriu a porta e lançou-se.
O Jipe explodiu segundos depois.
- Nãaaaooo! – Jaime via o jipe em chamas,
ao fundo da ponte. Ouvira a explosão quando entrou na plataforma que ligava as
duas margens de Coimbra. - Não pode ser! – gritou em choque, parando o carro.
Não conseguia chegar perto o suficiente, não queria ver Nuno lá dentro, morto.
Jorge ligava-lhe insistentemente, não
conseguia atender, não tinha coragem, o que lhe ia dizer?
- Estou…. – Jaime esforçou-se para falar.
- Que estrondo foi esse? – Jorge sentia o
estômago a apertar-se de medo.
- O jipe… explodiu. – Duas lágrimas
caíram-lhe no mesmo momento. Aquilo era um pesadelo.
Jorge largou o telefone, mais um, Nuno… o
coração esvaziou-se e secou.
Margarida continuava caída no banco,
inconsciente de tudo, deu meia volta e dirigiu-se para casa. Precisava de ver
Ana, abraçá-la e chorar.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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