quinta-feira, 7 de março de 2019

"A Mala Vermelha" - Cap 25 (5ª parte)



- Olá João! Então?, ainda és vivo? - perguntou Salvador animado com o telefonema surpresa do amigo. - Por onde andas?
- Tudo bem, Salvador?, olha, estou a arrumar as malas no carro para ir ao Gerês passar uns dias...- explicou.
- Ah, fazes bem, mudar de ares. Se pudesse ia contigo, estou farto desta merda toda! - ralhou, dramatizando com as folhas em cima da secretária onde fazia a contabilidade do bar.
- Pois... desta vez não vai dar... vou em passeio “romântico”, fica para a próxima, mas estou a ligar-te por outro motivo. - adiantou engolindo em seco.
- Então? Diz lá!, Desculpa, só um aparte, ainda namoras aquela bomba loira? - perguntou curioso.
- Sim, ainda, e o nome dela é Isabel.
- São todas, não é? - gozou - Mas diz lá, porque é que me estás a ligar?
- Bem, eu sei que andaste comigo na faculdade, a tirar psiquiatria. E estou a precisar de um conselho, porque não me recordo de nada. - começou por explicar meio encavacado com o assunto.
- Eu não estou autorizado a dar consultas, desisti do curso, mas se for só um conselho, sou homem para te resolver já a questão.
- Não é conselho destes, é que... bem, tenho-me sentido mais alterado, já tomo medicação diária, mas acho que preciso de mais. Isto não está a funcionar. Pensei que pudesses dizer-me até quantos comprimidos de ansiolítico posso tomar por dia.
- Há uns muito bons, chamados sexo!, comigo funcionam, já experimentaste esses? - disse brincalhão, e desejoso de saber se a bomba realmente era assim tão explosiva como visualmente parecia.
- Sim, já tomei dois desses hoje e não funcionou. - rosnou, a perder a paciência com as parvoíces do amigo. - Anda lá, posso tomar mais ou não?
- Bem, com duas doses de orgastriticum e ainda estás nervoso... não sei... - gozou, ficando no entanto surpreendido com aquilo. - Olha, manda-me por sms o nome do que tomas, e eu vou ver. Depois ligo-te a dizer, assim de cor tenho medo de estar a inventar e depois morres e eu fico a sentir-me uma merda. Mas, dizias tu, vais de lua-de-mel para o Gerês? Muito bem... vê lá se não tens uma overdose de mulher e te ficas lá numa cama de hotel com um sorriso de orelha a orelha. - provocou-o, sentindo uma ponta de inveja da sorte do amigo.
- Duvido... - disse secamente, nada disposto a pensar na cama de hotel. - Vou mandar-te então o sms, e despacha-te a responder, estou mesmo mal. Obrigado Salvador, agora tenho de desligar, a Isabel está a chegar ao carro. Tchau. - desligou o telefonema e colocou o melhor sorriso quando lhe abriu a porta cerimoniosamente. Sabia que ela gostava daqueles salamaleques, já tinha percebido, e estava decidido a apaixonar-se por ela, e para isso era importante mantê-la de bom humor.
- Vamos? - perguntou-lhe enquanto colocava o cinto.
- Sim, vamos. - Isabel esticou-se e exigiu-lhe silenciosamente um beijo apaixonado carregado de luxúria.
João recompôs-se do beijo e desejou que Salvador se despachasse a enviar a resposta. “Om Shanti...Om....”, mentalizou, e limpou a palma das mãos às calças.

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(imagem, internet)

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