quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Capítulo 2, 6ª parte


- Carros velhos, é preciso conhecer as suas manias! - disse ele, piscando o olho. E não fosse estar em desvantagem física, teria esmurrado aquele olho atrevido que, macacos a mordessem se não tinha acabado de a comparar com um jipe ferrugento.
- Gostava de lhe pedir um favor – continuou ele descontraído.
Mais um? Bolas… perguntava-se Margarida.
- Podemos tratar-nos por tu? "Você" é demasiado formal, e somos praticamente da mesma idade, certo? - questionou ele brincando.
- Por mim... - grunhiu Margarida - como quiser...res - corrigiu automaticamente. - Vamos? – estar fechada num espaço tão pequeno com um homem era enervante, quanto mais depressa chegasse ao seu carro, melhor, pensava.
- Aproveitando que temos alguns minutos, queria dizer-te que se aceitares ajudar-me na minha investigação, temos de reunir com regularidade - merda, pensou ela - porque tenho toneladas de material para tu analisares, vídeos, fotos, relatórios e é mais rápido entenderes o caso se eu te for contextualizando e dando as minhas dicas. - resumiu ele rapidamente.
- Já suspeitava - rematou ela.
- E então? - questionou ele sem tirar os olhos da estrada.
- Então o quê? - bufou Margarida.
- Trabalhamos ou não? - questionou ele com naturalidade.
- Acho que não tenho outra hipótese, a minha chefe pareceu bastante intimidada com o assunto e quem sou eu para a contrariar? Para além de que, umas férias dos livros até me vão fazer bem, estava mesmo a precisar de descontrair e perseguir um psicopata. - ironizou ela.
Nuno esticou a mão e sorriu genuinamente feliz,
- Bem-vinda ao mundo do crime! - e deram um aperto de mão - Agora temos de brindar ao nosso sucesso, conheço um bar aqui perto que tem a melhor cerveja da cidade! - acrescentou ele alegremente.
Cerveja? Pensou ela... De todas as bebidas alcoólicas, era a que menos gostava. Margarida passara parte da infância no trabalho do pai, a extinta Central de Cervejas, e ainda não tinha recuperado totalmente do cheiro da "sala azul", que adorava visitar para olhar o gigante "penico de cobre", onde a fermentação dos cereais empestava o local.

Nuno conduziu até ao local enumerando os benefícios da cerveja, alguns cientificamente corretos, constatava ela, outros apenas parvoíces que não entendia de onde lhe saíam. Era difícil acompanhar aqueles raciocínios masculinos, só podiam ser efeito das suas calças justas, pensava satisfeita, apreciando o trajeto noturno até ao Bar.

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(imagem, internet)

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