quarta-feira, 3 de junho de 2020

"Safara" - Capítulo 1





- Quando é que tencionavas contar-me? – Rui estava furioso. A namorada tinha o péssimo hábito de fazer as coisas nas suas costas, passando por cima de tudo e todos, sem se questionar se estava correto ou não. Aquilo lá era forma de contar que se ia embora por quatro anos!!

- Desculpa, só recebi a confirmação ontem. Sabes que sempre quis ter o meu próprio consultório! É uma oportunidade única, Rui!! – Teresa não percebia qual era o problema dele, não lhe ligava patavina há meses, agora de repente armava-se em ofendido...

- Claro, e eu sou o último a saber! – a vergonha de ter ficado com cara de parvo no jantar, que percebeu depois, ser uma festa de despedida, em frente a todos os amigos, deixava-o perdido de raiva.

- Se passasses mais tempo comigo não te espantavas tanto com os factos da minha vida que desconheces! – berrou Teresa. Estava a ficar saturada daquele piegas pomposo, sempre com cobranças e sem dar nada em troca. Era um perfeito egoísta, um egocêntrico. Pegou nas chaves do carro, saiu e bateu a porta com toda a força que tinha, precisava de sair dali, já não lhe podia olhar para a cara. Teresa sabia que não tinha sido propriamente delicada na forma como o informou da sua partida, mas o desprezo constante daquele namorado obrigava-a a nunca partilhar nada com ele em primeira mão. Se era para falar para o telefone, então ele que arranjasse uma telefonista, pensava ela enfurecida. No dia seguinte ia pessoalmente dar-lhe uma notícia ainda mais fresca, Finito!




Não tinha sido fácil tomar aquela decisão, mudar-se para longe, para um local onde não conhecia ninguém. A avó nascera naquela Vila, ainda lá tinham uma casinha pequena, que Teresa ocuparia enquanto lá estivesse a trabalhar, mas ninguém os conhecia, os descendentes da Maria Rosa. Uma jovem corajosa que deixara a terra, a família, e partira para Lisboa, em busca do seu futuro. Tal como ela, pensava com ironia, só que Teresa fugia do seu futuro. O namoro frio e impessoal que Rui lhe impunha era desgastante, frustrante, e não fazia tenção de acabar casada com um respeitável senhor Doutor médico que a iria trair com todas as enfermeiras que conseguisse, concluía. Já tinha visto esse filme em casa, recusava-se a ser a protagonista da sequela. Quando recebeu o e-mail a confirmar a vaga num centro de saúde do Alentejo profundo não pensou duas vezes, pegou no telefone e ligou para a melhor amiga, suplicando-lhe que a obrigasse a ir. Não era tão corajosa como queria fazer parecer, e lamentaria toda a vida o seu infortúnio, se não conseguisse dar aquele passo. Rosário berrara-lhe do outro lado, ameaçando-a de todos os horrores possíveis e imaginários, se não respondesse afirmativamente à oferta de emprego. Respirou fundo, carregou no botão "submeter" e chorou durante horas agarrada à almofada. Toda uma vida rodeada de milhares de pessoas, adrenalina, festas, amigos, espetáculos, lojas, praia, comida chinesa... tudo iria desaparecer durante quatro anos. Tentou animar-se com a perspectiva de que o contrato não seria vitalício, afinal não ia para o corredor da morte, dizia a si mesma, eram só quatro anos na solitária... Depois tornaria a ver a luz, teria a sua liberdade de novo.

Tentou despedir-se de todos de forma personalizada, mas os conhecidos eram tantos, que depois da festa com os amigos mais chegados e familiares, simplesmente escreveu no perfil do Facebook: Tchau! Volto daqui a quatro anos! Aquela página iria estar parada durante algum tempo. Se não fizesse o corte com Lisboa bem rente, se continuasse a ver as amigas a fazer compras na H&M e na Zara, e ela a apodrecer nas suas camisolas com borbotos na casa velha e fria da terrinha, deprimiria de certeza. Desinstalou a aplicação do FB do telefone sem remorsos, não queria estar a torturar-se com notificações constantes e tinha de confessar que ver diariamente Rui com o sorriso palerma a tirar selfies com tipas boazonas também não a deixaria muito contente. Era melhor assim, concluiu decidida, desintoxicação citadina completa.







- Querida, tenho muito orgulho em ti, sabes? – disse a mãe, enquanto a abraçava na estação do Oriente.

- Eu sei mãe. Não te preocupes, passa num instante. Falamos de vez em quando pelo Skype, e sempre que puder, venho a Lisboa. - nunca tinham estado mais de duas semanas longe uma da outra e Teresa desejara secretamente que a mãe lhe implorasse para não ir, mas não... não costumava ter sorte, logo, a mãe ficara orgulhosa.

- Quando chegares telefona-me! - o comboio ia partir dentro de poucos minutos. – O teu pai disse que vinha, mas já sabes como é lá no hospital... - disse envergonhada com a insensibilidade do marido.

- Não faz mal, ontem despedi-me dele. Já suspeitava que iria estar ocupado. – olhou em volta, talvez ele ainda chegasse a tempo de lhe dizer adeus, como nos filmes, desejava secretamente Teresa.

- Vá, entra! Já anunciaram a partida. – deram um abraço forte, prolongando o momento e Teresa subiu para a carruagem a fungar, olhando a mãe que sorria de lágrimas nos olhos.

Arrastava os pés pelo corredor, deprimida com os seus pensamentos e dúvidas sobre o destino que a esperava, quando levou um safanão que a lançou para um banco que por sorte se encontrava vazio.

- Desculpe, com licença. – um homem passou como um tiro, sem sequer parar para verificar se ela estava bem.

- Brutamontes! – rosnou alto o suficiente para que o sujeito ouvisse, mas ele nem sequer olhou para trás. – Que besta! – exclamou furiosa, recompondo-se e retomando a busca pelo seu lugar.

Ao fundo da carruagem encontrou o número do seu bilhete, arrumou a mala gigante o melhor que conseguiu, e instalou-se, pegando num livro que escolhera ao acaso para trazer na viagem. Não ia ler nada mesmo, pensava resignada, era só para se enganar e não ir de mãos a abanar o caminho todo. Concentrou-se na paisagem que ia mudando radicalmente em poucos minutos. Lisboa e os seus arredores tornavam-se em terrenos vazios, povoados de bicharada medonha, que Teresa temia que também houvesse em Safara. Cavalos, bois, vacas, porcos, seres com alguma inteligência e que pesavam centenas de quilos não podiam ser de confiança, constatava com um arrepio na nuca. Perdia-se nos seus pensamentos quando ouviu uma discussão que vinha de alguns bancos atrás dela. Um homem estava bastante arreliado com alguém do outro lado do telefone, pensava animada com uma inesperada comboionovela. Aquela voz... esticou-se um pouco, espreitou por cima do banco para conseguir perceber quem era e viu-o. O brutamontes! Afinal os modos rudes eram um traço forte da personalidade do irritadiço. – disse a si mesma. Como não podia deixar de ser, ficou curiosa com o teor da discussão, e tentou concentrar-se nas suas palavras, deixando-se ficar à escuta, bem quieta.

"Não tinham nada que o fazer!"..."Eu estava a terminar, agora é que nunca mais lá volto!"... "O pai que limpe o esterco das vacas e faça as camas aos cavalos!, eu só aí vou para ir buscar as minhas coisas e volto para Coimbra"..."não sei, arranjo um emprego qualquer".

Aquilo estava feio, pensava Teresa, entretida com a novela gratuita a que vinha a assistir. Para quê ler se havia sempre emoção ao vivo?




Safara... ali estava a placa com o nome da terrinha... Saiu do transe momentâneo que a cadência da carruagem provocava e levantou-se apressada, pegando na carteira, telefone, livro, tentando não deixar nada para trás. Esticou-se para puxar o malão gigante, mas o peso era demasiado, não conseguiria fazer aquilo sozinha, pensou ansiosa. Procurou desesperada por alguém, algum homem que fizesse o favor de a ajudar, mas não havia ninguém,

- Bolas... Vou ficar aqui dentro. – lamentou-se, nervosa.

- Posso? – Aquela voz surgia por trás dela, arrepiando-lhe o couro cabeludo.

- Ah! – sim, Deus existia – Obrigada!

- Também vai sair aqui? Coitada... - o brutamontes furioso também era sarcástico, constatou.

- Sim, venho trabalhar. – justificou-se para não parecer louca, ou fugida à polícia.

Desceram do comboio e Teresa esperava que o homem largasse a mala, para ela ir à sua vida. Tinha vários assuntos a tratar nos dias seguintes, antes de iniciar o trabalho no Centro de Saúde.

- Com que então vem trabalhar? Onde? – perguntou de chofre sem cerimónias.

- Não é que lhe diga respeito, mas, acho que não deve ser segredo. Sou médica e venho trabalhar para o Centro de Saúde. – respondeu, incomodada com a falta de educação do tipo.

- Muito bem, então boa sorte. – disse enfastiado. Largou a mala e encaminhou-se para a saída da estação, da mesma forma bruta com que chegou.

- Credo! Que simpatia... - comentou escandalizada. Esperava que os homens daquela terra não fossem assim todos tão queridos. Já começava a compreender a avó. Endireitou-se, arrumou as tralhas que trazia nas mãos, e concentrou-se em encontrar a casinha da Maria, que rezava para que tivesse pelo menos uma sanita no interior. Nunca ali tinha estado, nem em pequena. A avó recusara-se sempre a visitar Safara e a casa tinha estado alugada durante décadas.




- Não há táxis? Como assim? – perguntou surpreendida.

- Na senhora. Na há. Já houve, mas o motorista morreu o ano passado. – explicou calmamente o funcionário da estação que parecia não ter tempo nem paciência para explicar aos visitantes da terra que ali todos andavam a pé, cavalo ou bicicleta.

- Pode ao menos ajudar-me a chegar a esta morada? – Teresa desanimava a cada minuto que passava. A ideia de caminhar debaixo daquele sol carregando malas era deprimente.

- Ah, é muito fácil, – disse o homem feliz por poder ajudar e livrar-se dela – então, vai por esta rua abaixo, né? Vira à esquerdâ, anda mais um pouco, depois à dirêta, esquerdâ. Passa a igreja, continua para baixo, esquerdâ novamente, dirêta, e já lá está. – fitou-a orgulhoso da sua explicação e olhou por cima do ombro dela a indicar-lhe que tinha um cliente à espera para comprar bilhete.

Teresa olhava-o incrédula, seria aquilo para os apanhados? Direita, esquerda, rua abaixo, Igreja, esquerda, ou seria direita? Quando o apanhasse nas consultas ele ia ver... rosnou baixinho, saindo frustrada para a rua principal onde foi agredida por um calor abrasador. Uma rua deserta e escaldante era o espelho da sua alma naquele momento. Não se via vivalma, apenas um cão que poderia estar morto no passeio, não fosse o seu respirar compassado.

- Quer boleia? O sol está forte. – o homem do comboio apareceu numa pickup preta cheia de fardos de palha na caixa e aquele cheiro agoniante a bestas...

- Sim, talvez...agradeço-lhe. – disse pouco confiante.

Ele saiu da carrinha, pegou na mala e enfiou-a sem piedade na caixa.

- Não... - Teresa ficou horrorizada ao ver os seus pertences misturados com palha mal cheirosa, mas não podia reclamar muito – Quer dizer, obrigada. – desculpou-se pela falta de educação. Era um bruto, mas estava a fazer-lhe um favor.

- Então, onde é o destino? – questionou sério.

- Hum... Rua das Pôças, Póças? – não sabia pronunciar aquilo – número 3.

- Ok, é perto. – informou sem emoção – Número 3? – ficou pensativo.

Aquilo era um mau presságio, pensou Teresa. Devia ser um casebre a cair de podre, lamentava-se angustiada. Mas que sorte.

Pararam numa rua paralela e fizeram o resto do caminho a pé, a casa ficava num beco onde não passavam carros. Teresa surpreendeu-se com o súbito cavalheirismo do homem ao oferecer-se para a ajudar com a mala. Talvez tivesse apenas curiosidade, pensou, arrumando o assunto.

Para espanto de Teresa a casa era adorável. Pequena e estreita, amarela clara, com duas janelas no primeiro andar. Uma porta vermelha, robusta e com janelo, envolta em canteiros rasteiros com arbustos que tinham crescido selvagens, mas que continham uns botões de flor cor-de-rosa, que ficariam maravilhosos quando fossem devidamente cortados, pensou animada.

- É aqui? – perguntou ele desconfortável.

- Sim, é lindo! Era a casa da minha avó! – exclamou distraída com a visão da casa.

- Ok, aqui tem a sua mala. Se calhar é melhor passar uma mangueirada nela, deve cheirar a vacas. – rematou descontraidamente.

- Oh... ok, obrigada. – disse frustrada a olhar a mala que comprara em Madrid a ser vandalizada por esterco de vacas. Não se pode ter tudo, pensou. Pelo menos a casa era gira.

O homem desapareceu, sem nem lhe perguntar o nome ou dizer o seu. Que gente estranha... matutava, abrindo a porta do seu novo lar.

O interior não era espetacular, constatava, mas uma casa abandonada tanto tempo não podia ser perfeita. Depois de Maria, fora alugada a uma família, mas já há mais de uma década que ninguém ali vivia. Havia muito trabalho pela frente, pensou animada com a ideia da decoração. Finalmente realizaria alguns dos seus sonhos mais consumistas - iria arrancar e deitar fora tudo o que era velho e colocar novo, de alto a baixo. Já tinha visto na televisão como se fazia, só precisava de tempo, dinheiro e bom gosto. Como tinha os três de sobra, só podia correr bem!

Tratou de escolher um quarto para arrumar as suas coisas e como havia apenas dois no primeiro andar, não foi difícil a decisão. Optou pelo maior, com um bocado de sorte caberia ali um Sommier que vira num catálogo online. Aproveitaria bem o dinheiro que poupara e trouxera para aquela aventura. Não gastara um tostão a viver com os pais e durante quatro anos que trabalhara como interna pusera tudo de parte, religiosamente. Pensava na altura que ia casar, montar uma casa, tinha-se prevenido para iniciar bem o que veio a ser uma desilusão. Agora vingar-se-ia de ter sido tão crédula, gastaria tudo em futilidades, velas de todos os tamanhos e feitios, cortinados caros, tapeçarias finas, móveis de design, antiguidades, tudo o que lhe desse na real gana. Só precisava de tirar o lixo antes...

Telefonou à mãe, tranquilizando-a de que chegara bem, informou-a de que já estava instalada e iria fazer umas compras para a casa. A vizinha que guardava uma cópia da chave da casa tinha encomendado uma faxina completa ao local antes de Teresa chegar, como Fernanda pedira - a mãe pensava sempre em tudo.

Despediram-se e Teresa saiu, decidida a comer qualquer coisa típica, e logo ficou satisfeita por verificar que a temperatura da rua estava bem mais agradável. Andou alguns minutos a pé, receosa de não conseguir encontrar o caminho de volta se escurecesse; ainda não se tinha ambientado e não queria andar já a fazer figuras tristes pela rua fora. O sentido de orientação não era o seu forte. Encontrou por fim uma tasca com uma agradável esplanada de mesas e bancos de madeira. Verificou animada que faziam bifanas e outros petiscos, e sentou-se à espera do empregado que já a tinha visto a olhar o menu na entrada.

- Boa tardi... O que vai ser? – perguntou o empregado sorrindo de modo provocador.

- Boa tarde. Uma bifana e uma cola zero, por favor. – disse secamente, não gostava muito de tipos atiradiços.

- Na temos coca cola. – informou contente.

- Hum... Pepsi? – lançou a medo.

- Não – rematou satisfeito.

- SevenUp? – alguma coisa haviam de ter, caramba!

- Não. – repetiu cada vez mais animado.

- Bolas, e uma imperial? – estava farta daquele diálogo idiota.

- Não, só mini ou mêdia. – esclareceu.

- Ok, uma mini. – foi difícil, pensou aliviada.

O empregado retirou-se, com uma atitude demasiado parva para o seu gosto, ali parecia só haver bestas, lamentou.

Comeu o seu jantar desconsolada, precisava da sua Cola Zero para digerir aquela tristeza momentânea de estar ali sozinha, a comer pão com bifana a saber a ranço, sem mostarda, e sendo observada pelos homens que bebiam no interior do café. Era demasiado deprimente. Porque não podia o dia-a-dia ser como nos livros românticos? Encontraria um homem maravilhoso e único na viagem, ficariam apaixonados, teriam sexo louco e viveriam felizes para sempre! Seria assim tão improvável? Não lhe parecia nada descabido, bem bonito, até! Pagou e procurou durante algum tempo por uma loja ainda aberta para comprar pão, manteiga e outros víveres essenciais para o dia seguinte, mas não havia nada nem ninguém naquelas ruas. Estaria alguém vivo por ali? A sua utilidade como médica naquele sítio era discutível, pensava. Desistiu e voltou para casa, resignada.

Estava bastante cansada de todas as emoções daquele dia, tinha ocupado o resto da tarde e princípio da noite a organizar-se na sua nova casa e precisava de descansar. Lavou os dentes, fez a sua higiene, vestiu o pijama mais fresco que trouxera de casa e fechou a janela do quarto pois não queria ser visitada por nenhum bicho durante o sono logo no primeiro dia. Revolvia-se no colchão estranho, sem conseguir encontrar posição para descontrair e adormecer, quando lhe deu uma sede terrível devido à temperatura do quarto – bolas, tinha de ir beber água - pensou preguiçosa. Levantou-se, calçou os chinelos, desceu ao rés-do-chão e procurou o interruptor da luz da cozinha. Refrescou-se, mas ainda não estava satisfeita. Precisava de fumar um cigarro e, lembrou-se animada de que ali não seria preciso fumar às escondidas de ninguém, tinham acabado os discursos moralistas do pai sobre o cancro e os males da nicotina... Abriu a porta da rua e encostou-se do lado de fora para não ficar com cheiro a tabaco dentro de casa. Fumava devagar, a olhar a rua escura e silenciosa, pensando no marasmo em que a sua vida se iria tornar naquele local deserto. Pelo menos podia fumar descansada, sem ter comer uma pastilha elástica logo a seguir ou bufar-se de perfume para que ninguém notasse, concluía resignada.

Uns passos apressados surgiram algures no escuro e estacaram repentinamente.

- Quem está aí? – saiu-lhe a medo. Não houve resposta. Quem seria o parvo que ali estava e não respondia?

Fumou com rapidez o resto do cigarro e fechou-se em casa com um arrepio na nuca a perturbá-la. Que raio de piada de mau gosto. Pelo sim, pelo não, trancou a porta e verificou todas as janelas. Não fosse o Diabo tecê-las... recordou-lhe a sabedoria de Maria.




Toc-toc

- Mas quem será agora? – Teresa abriu a porta e curiosamente não tinha medo nenhum! O homem do comboio estava ali, mas, porquê? Seria ele a pessoa que ouviu quando fumava? Mas porque não falava?

Agarrou-a com força, fechou a porta e encostou-a à parede.

Beija bem, pensava ela, e que força! Com o Rui não era nada assim!

Arrancou-lhe os calções do pijama e possuiu-a de pé.

Ó Meu Deus! Mas assim tão de repente?...

Olhou-a com profundidade.

Mas que olhos bonitos, pensava Teresa, não tinha reparado antes!

Ó Rui, não percebes nada de sexo!, ria-se estupidamente.

Nem parecia ela...

-Ham!? – acordou exaltada, com o corpo transpirado, confusa com o que se estava a passar. Sentou-se na cama e ligou a luz do candeeiro para confirmar onde estava, parecera tão real... - Mas que sonho estúpido... Aquele parvalhão do Rui é que é o culpado de eu andar assim, incompetente em tudo! – bufou.

Deitou-se novamente, aconchegando-se debaixo das cobertas, ainda afogueada com o sonho. – Pode ser que torne a pegar no sonho do sítio onde ficou... - disse baixinho, envergonhada com os seus próprios pensamentos.

Revirou-se na cama durante muito tempo, revivendo as cenas uma e outra vez, até adormecer.

(direitos reservados, AFSR)

(imagem, internet)

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