Jorge
tocava insistentemente na campainha do irmão – Mas porque raio é que ninguém
atende?! – estava a ficar ansioso, prestes a partir para a violência e quebrar
o vidro da porta do prédio, quando finalmente ela se abriu. Subiu apressado,
havia informações novas e Nuno não ia gostar nada daquilo… Sofia era um ponto bastante sensível, aquilo ia dar porcaria. – temia,
prevendo a reação do irmão.
- Ora viva! – isto lá era hora de
aparecer… bufava Nuno que tinha sido violentamente arrancado de uma cerimónia
importante… - Tens sempre um timing
maravilhoso, Jorge! – gozou Nuno já meio recomposto da frustração.
- Tás bom? Pareces esquisito, estás
mais parvo! – Jorge adorava ter um irmão mais novo, para ele não havia nada
melhor que aqueles momentos “carinhosos” entre homens. – A Sofia? Está cá?
Preciso de falar com ela e com vocês os dois. – resumiu rapidamente. Deitou um
olhar à cozinha e censurou aquela nova namorada do irmão, mas que confusão era
aquela?
- A Sofia saiu, foi ter com a “BFF” ao DV, iam ao cinema. Nós
estávamos aqui a arrumar a cozinha, desculpa lá esta confusão, o jantar foi
“difícil”. – mentiu e Margarida sorriu envergonhada, não lidava muito bem com aquele
descaramento de Nuno.
- O Jaime descobriu que o Álvaro tem
tido acesso aos nossos telefones no último mês. Eu, tu, a Ana, a Margarida e –
demorou-se um pouco a confessar – a Sofia, somos todos “escutados”. – Nuno
ficou pálido, sentou-se na cadeira perto de si e envelheceu uns anos, observava
Margarida angustiada.
- Filho, da, Puta…. – soltou Nuno.
- Foi precisamente o que eu disse ao
Jaime! Filho da Puta! O cabrão anda a ver se perco a calma e lhe arrebento o
focinho assim que o apanhar! – vociferou Jorge – A partir de agora não podemos
comunicar nada por telemóvel, apenas coisas triviais, para que ele não perceba
que sabemos das escutas. – concluiu.
- Nuno, vou até ao DV ver da Sofia.
– informou Margarida que já se encaminhava para a porta. Se Álvaro a
“escutava”, já saberia onde ela estava. - As adolescentes relatam toda a vida
nos telefones! – constatou preocupada.
- Ei! Calma aí minha menina, não
vais sozinha! – Nuno apressou-se a pegar nas chaves e antes de sair de casa
abriu as calças para compor a camisa, sendo observado por Jorge. Margarida saiu
em direção ao elevador e assim que os dois ficaram por momentos sozinhos no
apartamento, Jorge deu-lhe uma palmada sonora nas costas,
- Arrumar a cozinha, hein? – gozou
ele com Nuno, lamentando para si mesmo já não dar umas “faxinas” do género há
vários anos…
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(imagem, internet)
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