segunda-feira, 3 de abril de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 9 (2ª parte)



Nuno arrumava no seu quarto o resto das roupas e objetos que trouxera de casa de Margarida, confuso com tantas tralhas que lhe pareciam desnecessárias para um ser humano viver. Mesmo partilhando a casa com uma adolescente há vários anos, o bicho mulher ainda o conseguia surpreender. Matutava na utilidade desconhecida de coisas que nunca antes vira, e surpreendentemente, Sofia vibrara com um entusiasmo exagerado ao ver tudo aquilo. Pelo menos aquelas bugigangas serviam para unir as duas mulheres da sua vida, só por isso, já mereciam a sua aprovação, pensava ele satisfeito.
Margarida conversava animadamente com Sofia, cozinhando o jantar, enquanto ele lutava com soutiens e outras peças sugestivas que o deixavam demasiado pensativo, quando se lembrou que daí a dois dias Sofia fazia anos. Dezasseis, pensava ele, estava a ficar demasiado crescida, e estranhou ainda não ter cães a cheirar em volta do prédio, à procura da fêmea. A sobrinha era bonita, popular, onde andariam os namorados? Talvez Margarida conseguisse perceber como escondia ela os seus admiradores.
- Já terminaste? – Margarida apareceu no quarto repentinamente, surpreendendo Nuno com a sua roupa interior nas mãos, pensativo, e sorriu. – É preciso ser mesmo um tarado para estar escondido no quarto a cheirar as minhas cuecas! Sinceramente… - gozou ela, fingindo escândalo.
- Ham? – Nuno olhou as mãos, atrapalhado, e recuperou a consciência, apercebendo-se da sua figura com aqueles trapos todos nas mãos por arrumar. – Não é nada disso, estava a pensar na Sofia – fez uma careta de horror – Não, quer dizer, tinha isto nas mãos, mas estava a pensar que a Sofia faz anos depois de amanhã, dezasseis, e não há sinais de namorados… é estranho. – confessou ele atrapalhado.
- Não é nada estranho. Uma sobrinha de um PJ gigante não se pode dar ao luxo de andar por aí a passear com rapazes, nem eles se atrevem a isso. Tu és muito intimidador, sabias? – e avançou para ele, insinuando-se.
- Ah, estou a ver, sou uma espécie de monstro que afugenta rapazes imberbes. – disse sorrindo – Gosto disso. E a Menina também fica intimidada com este abominável homem das neves? – largou as roupas no chão e fechou a porta do quarto devagar, prolongando o suspense. Margarida sentiu um calafrio conhecido ao ouvir aquela expressão, mas o avanço intenso de Nuno na sua direção distraiu-a dos pensamentos negros que se seguiam quando recordava Álvaro. Nuno beijou-a e o desejo do seu corpo dominou a mente, afugentando a realidade. Queria ficar assim para sempre, nos braços daquele soporífero gigante que a anestesiava de tudo o que era mau.

- Desculpem lá, mas há menores cá em casa, e que eu saiba, os paizinhos só podem procriar de noite, quando os meninos já dormem! – resmungou Sofia divertida, abrindo a porta escancarando-a. – O jantar está pronto! – informou de braços cruzados.

Margarida e Nuno recompuseram-se e seguiram Sofia que sorria orgulhosa, tal como o tio faria numa situação idêntica, pensou Margarida. 

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(imagem, internet)

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