- Olá boa noite, em que possa ajudá-la? – Jaime ficou agradavelmente surpreendido com uma mulher tão bonita, ali, à sua procura.
- Olá senhor Jaime, sou amiga
da Margarida, ela precisa falar consigo urgentemente, e não pode ser por
telefone. – falava baixo, de forma cúmplice, aumentando a curiosidade da
plateia masculina que observava a cena. – Pode vir comigo?
- Claro, vamos. – Jaime não
desconfiou minimamente, o decote daquela mulher era convincente, e claro, só
poderia ser amiga da Margarida, para saber do problema em utilizar telefones.
Saíram apressadamente do
edifício, entrando no carro de Jaime, e Álvaro suspirou de alívio pela primeira
parte do plano não ter sido destruída por aquela parva. Só precisava de mais um
pouco de sorte e desta vez não o iriam lixar.
- Amanhã é o grande dia! –
anunciava Ana, feliz por saber que teria um dia de folga das intenções de
investigação ao passado que Margarida lhe propusera. – Vocês vêm cá ter logo de
manhã, preciso da vossa ajuda. Há milhares de coisas por fazer! – enumerava
mentalmente tudo o que era preciso para uma festa – E por favor não se zanguem
novamente! – implorou a Margarida e Nuno, que sorriram envergonhados.
- Não te preocupes Ana, -
respondeu Nuno – amanhã o dia é da Sofia! – olhou carinhosamente na direção da
sobrinha, que sorriu orgulhosa por sentir-se especial e novamente prioritária
para o tio.
- Ok, então até amanhã, durmam
bem.
Despediram-se animados com aquela
promessa de um dia descontraído e feliz na companhia uns dos outros, sem
fantasmas nem passado.
Margarida pousou o telemóvel no
móvel da entrada, como habitualmente, e foi animada preparar-se para dormir, ou
não, pensava com os seus botões. Depois daquela introdução na varanda havia
várias coisas que precisavam de ser resolvidas e Nuno olhara-a todo o caminho
enviando sinais telepáticos bastante claros. Normalmente não falavam
diretamente sobre as intenções um com o outro, era automático e físico. Quando
ele queria, ela também e vice-versa. Não havia regras nem protocolos, e
Margarida adorava não ter de verbalizar as suas intenções carnais, facto que a
constrangia muito e que Nuno entendera logo, como um bom aluno. Teria de lhe
dar um 20 na próxima avaliação, pensava divertida.
Nuno conversava com Sofia, um
pouco ansioso por constatar que a sobrinha não tinha sono, gostava muito dela, mas
o seu lado Margaridodependente fazia-o sentir-se ressacado, ansioso pela dose
que não tomara no dia anterior, perdendo o fio à meada naquele monólogo
irracional e longo da adolescente animada com a festa do dia seguinte. Ouvia
fragmentos da voz dela, “vai ser lindo!”, “posso beber champagne ?”, “depois
vou ter com a minha BFF!”, seguindo Margarida com o olhar, qual predador a
estudar a presa que teimava em passear-se de forma descuidada pelo prado… Disse
que sim a tudo, deixando a sobrinha em êxtase, tudo para que ela o largasse e
fosse dormir!
Finalmente Sofia decidiu
fechar-se no quarto, continuando a conversa infindável com os amigos pelo
telefone, ficando naquele transe tecnológico ideal para que Nuno pudesse
dedicar-se à outra mulher da sua vida.
Viu-a a entrar no quarto,
distraída, sem notar que Sofia já se retirara. Agora estava em vantagem e
aproveitaria esse facto da melhor maneira. Ela ia amaldiçoar a hora em que
passara por ele na sala só de t-shirt e cuecas e esfregar os dentes com a
escova, perdida nos seus pensamentos.
Entrou no quarto e Margarida
encaminhava-se para a cama, desligou a luz repentinamente, o que a assustou,
ficando o quarto totalmente negro.
- Nuno? – perguntou ansiosa.
- Não, o Nuno não está cá. –
disse brincando – Hoje quem vem guardar-lhe o sono é o “Tó Nuno”!
- Ham? És mesmo parvo! – disse
Margarida meio desconfortável com aquela abordagem assustadora.
Nuno chegou-se a ela o
suficiente para a sentir gelada, estava assustada, pensava satisfeito.
- O Nuno mandou dizer que hoje
está muito cansado, mas não se preocupe, ele ensinou-me tudo o que é preciso
fazer. – provocou, estendendo a brincadeira enquanto podia.
- Ai sim? E quem disse a esse
parvalhão do Nuno que eu preciso de alguma coisa? – começava a descontrair e
entrar no jogo. Que raio de parvoeiras que aquele homem inventava, pensava
divertida.
- Garantiram-me que adorava
isto! - atacou sem dó nem piedade a pobre indefesa, jogando o mais baixo que
sabia.
Margarida só teve tempo de
respirar fundo e agradecer a Deus por ter inventado aquele homem.
Automaticamente fez uma Promessa, no dia seguinte iria acender uma velinha em
Santa Cruz. Depois deixou de pensar.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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