quinta-feira, 27 de abril de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 13 (2ª parte)




- Olá boa noite, em que possa ajudá-la? – Jaime ficou agradavelmente surpreendido com uma mulher tão bonita, ali, à sua procura.
- Olá senhor Jaime, sou amiga da Margarida, ela precisa falar consigo urgentemente, e não pode ser por telefone. – falava baixo, de forma cúmplice, aumentando a curiosidade da plateia masculina que observava a cena. – Pode vir comigo?
- Claro, vamos. – Jaime não desconfiou minimamente, o decote daquela mulher era convincente, e claro, só poderia ser amiga da Margarida, para saber do problema em utilizar telefones.
Saíram apressadamente do edifício, entrando no carro de Jaime, e Álvaro suspirou de alívio pela primeira parte do plano não ter sido destruída por aquela parva. Só precisava de mais um pouco de sorte e desta vez não o iriam lixar.



- Amanhã é o grande dia! – anunciava Ana, feliz por saber que teria um dia de folga das intenções de investigação ao passado que Margarida lhe propusera. – Vocês vêm cá ter logo de manhã, preciso da vossa ajuda. Há milhares de coisas por fazer! – enumerava mentalmente tudo o que era preciso para uma festa – E por favor não se zanguem novamente! – implorou a Margarida e Nuno, que sorriram envergonhados.
- Não te preocupes Ana, - respondeu Nuno – amanhã o dia é da Sofia! – olhou carinhosamente na direção da sobrinha, que sorriu orgulhosa por sentir-se especial e novamente prioritária para o tio.
- Ok, então até amanhã, durmam bem.
Despediram-se animados com aquela promessa de um dia descontraído e feliz na companhia uns dos outros, sem fantasmas nem passado.


Margarida pousou o telemóvel no móvel da entrada, como habitualmente, e foi animada preparar-se para dormir, ou não, pensava com os seus botões. Depois daquela introdução na varanda havia várias coisas que precisavam de ser resolvidas e Nuno olhara-a todo o caminho enviando sinais telepáticos bastante claros. Normalmente não falavam diretamente sobre as intenções um com o outro, era automático e físico. Quando ele queria, ela também e vice-versa. Não havia regras nem protocolos, e Margarida adorava não ter de verbalizar as suas intenções carnais, facto que a constrangia muito e que Nuno entendera logo, como um bom aluno. Teria de lhe dar um 20 na próxima avaliação, pensava divertida.
Nuno conversava com Sofia, um pouco ansioso por constatar que a sobrinha não tinha sono, gostava muito dela, mas o seu lado Margaridodependente fazia-o sentir-se ressacado, ansioso pela dose que não tomara no dia anterior, perdendo o fio à meada naquele monólogo irracional e longo da adolescente animada com a festa do dia seguinte. Ouvia fragmentos da voz dela, “vai ser lindo!”, “posso beber champagne ?”, “depois vou ter com a minha BFF!”, seguindo Margarida com o olhar, qual predador a estudar a presa que teimava em passear-se de forma descuidada pelo prado… Disse que sim a tudo, deixando a sobrinha em êxtase, tudo para que ela o largasse e fosse dormir!
Finalmente Sofia decidiu fechar-se no quarto, continuando a conversa infindável com os amigos pelo telefone, ficando naquele transe tecnológico ideal para que Nuno pudesse dedicar-se à outra mulher da sua vida.
Viu-a a entrar no quarto, distraída, sem notar que Sofia já se retirara. Agora estava em vantagem e aproveitaria esse facto da melhor maneira. Ela ia amaldiçoar a hora em que passara por ele na sala só de t-shirt e cuecas e esfregar os dentes com a escova, perdida nos seus pensamentos.
Entrou no quarto e Margarida encaminhava-se para a cama, desligou a luz repentinamente, o que a assustou, ficando o quarto totalmente negro.
- Nuno? – perguntou ansiosa.
- Não, o Nuno não está cá. – disse brincando – Hoje quem vem guardar-lhe o sono é o “Tó Nuno”!
- Ham? És mesmo parvo! – disse Margarida meio desconfortável com aquela abordagem assustadora.
Nuno chegou-se a ela o suficiente para a sentir gelada, estava assustada, pensava satisfeito.
- O Nuno mandou dizer que hoje está muito cansado, mas não se preocupe, ele ensinou-me tudo o que é preciso fazer. – provocou, estendendo a brincadeira enquanto podia.
- Ai sim? E quem disse a esse parvalhão do Nuno que eu preciso de alguma coisa? – começava a descontrair e entrar no jogo. Que raio de parvoeiras que aquele homem inventava, pensava divertida.
- Garantiram-me que adorava isto! - atacou sem dó nem piedade a pobre indefesa, jogando o mais baixo que sabia.

Margarida só teve tempo de respirar fundo e agradecer a Deus por ter inventado aquele homem. Automaticamente fez uma Promessa, no dia seguinte iria acender uma velinha em Santa Cruz. Depois deixou de pensar.

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(imagem, internet)

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