quarta-feira, 5 de abril de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 9 (4ª parte)



Margarida tinha escapado, não entendia bem como, alguma coisa lhe falhara naquela noite e Álvaro esforçava-se por perceber o quê. Tinha deixado a carteira dela no apartamento de Isabel, para que os pertences não revelassem o destino dos dois. O telemóvel dela estava lá, garantia a si mesmo, tinha verificado tudo, ou talvez não. Pensando melhor, revendo os passos na sua memória, tinha encontrado vários objectos na carteira, mas o telemóvel não.
Como podia ter sido tão estúpido? Enraiveceu-se com a sua imprudência, que quase lhe valera o fim de tudo o que ainda precisava ser feito.
Agora que várias pessoas já sabiam que ele estava enterrado em merda até ao pescoço, não poderia voltar à Unidade, a sua vida calma nunca mais seria a mesma. Nuno não o perdoaria pelo ataque a Margarida, mas Álvaro não podia suspeitar que ele a amava, afinal só conhecia a tipa há uma semana, nem isso. Recordou-se de Manuela, linda e sorridente a entrar no escritório de Afonso pela primeira vez e compreendeu Nuno. Não podia deixar de sentir orgulho nele, o seu filho querido.

As mulheres arruinavam a vida aos homens, pensava com ódio, era vital que Nuno entendesse isso antes que ela o magoasse, o que seria inevitável, concluía. Desta vez Álvaro seria cauteloso, estudava os horários e hábitos de todos eles, nada lhe escaparia, agora que tudo lhes parecia mais calmo. Tinha a certeza de que o procuravam, mas isso não o incomodava, Álvaro sabia como desaparecer, e estava seguro ali. Aquele esconderijo era perfeito, perto de todos eles, podia trabalhar sossegado, e já tinha uma ideia bem clara de como afastar Nuno de Margarida tempo suficiente para ele poder avançar. Regozijou-se com a sua capacidade de estratégia, a polícia tinha perdido um ótimo agente, ironizava. Bebeu mais um gole de whisky e telefonou-lhe. A parvinha era tão ingénua que o irritava, mas mais uma vez a sorte estava do seu lado!   

(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)

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