Nuno travou com brusquidão o jipe,
deixando-o mal estacionado, mas não havia tempo para manobras. Correu para a
porta do prédio que estava fechada e tocou em todas as campainhas até alguém a
destrancar. Subiu os três andares em sprint e tentou adivinhar qual seria a
porta dela. Lembrou-se de que nunca ali tinha estado e começou a ficar ansioso.
Tirou a arma silenciosamente e foi deslizando pelo corredor tentando perceber
algum ruído que a denunciasse.
Deu de caras com uma porta fechada onde se
podia ler no tapete da entrada "Não incomodar, estou a ler!". Só
podia ser aquela!
Bateu energicamente com o punho fechado
chamando pelo nome dela e de repente a porta abriu-se. Margarida estava caída
de joelhos, ele entrou empunhando a arma à espera de dar de caras com um
assassino, mas ela estava sozinha e com dificuldade em respirar. Guardou a arma
colocando-a em segurança no coldre escondido pelo casaco, fechou a porta e
pegou em Margarida como fazia com Sofia quando esta era pequena e se magoava a
brincar na rua. Com ela ao colo, fechou a porta, colocou o ferrolho e Margarida
recuperou os sentidos momentaneamente, percebendo que ele os trancava do lado
de dentro,
- Vais ficar?
- Sim, não te preocupes.
Ainda bem, pensou ela.
Preparou-lhe um chá calmante e levou-lho
ao quarto, onde Margarida estava deitada a recuperar do choque e da falta de
ar, exausta.
- Vou ficar na sala, se precisares de
alguma coisa chama-me. - e beijou-lhe a testa que ainda estava gelada. Por
agora deixaria Margarida descansar, mas no dia seguinte queria saber quem era
Ele e o que é que ela lhe estava a esconder.
De madrugada, Margarida sentiu a porta do
quarto abrir devagar e foi acordada por uma voz conhecida.
- Calma, eu estou aqui, podes dormir
sossegada. - ele sentou-se na cama ao seu lado, no lugar vazio, e Margarida
suspeitou que tivesse falado enquanto dormia.
De costas, fingiu continuar a dormir para
evitar ter de se explicar ao polícia que lhe guardava o sono, e sentiu a ponta
dos dedos dele percorrer a sua anca, subindo devagar até ao pescoço. Teve medo
de ser traída pelo arrepio visível na sua pele, mas continuou a respirar
devagar para simular o sono. Ele afastou os cabelos dela do pescoço, que ficou
despido, e inspirou bem perto da sua cara. Aquilo era tortura chinesa, agora
tinha estado a fingir que dormia e queria abrir os olhos para o agarrar, mas
iria assustá-lo. Poderia alegar no dia seguinte que sofria de sonambulismo, mas
a ideia era demasiado idiota.
Ele
beijou levemente a sua nuca e saiu deixando-a em apneia. Quem é que ia dormir agora?
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
(imagem, internet)
Sem comentários:
Enviar um comentário