sexta-feira, 3 de março de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 4 (6ª parte)


Nuno travou com brusquidão o jipe, deixando-o mal estacionado, mas não havia tempo para manobras. Correu para a porta do prédio que estava fechada e tocou em todas as campainhas até alguém a destrancar. Subiu os três andares em sprint e tentou adivinhar qual seria a porta dela. Lembrou-se de que nunca ali tinha estado e começou a ficar ansioso. Tirou a arma silenciosamente e foi deslizando pelo corredor tentando perceber algum ruído que a denunciasse.
Deu de caras com uma porta fechada onde se podia ler no tapete da entrada "Não incomodar, estou a ler!". Só podia ser aquela!
Bateu energicamente com o punho fechado chamando pelo nome dela e de repente a porta abriu-se. Margarida estava caída de joelhos, ele entrou empunhando a arma à espera de dar de caras com um assassino, mas ela estava sozinha e com dificuldade em respirar. Guardou a arma colocando-a em segurança no coldre escondido pelo casaco, fechou a porta e pegou em Margarida como fazia com Sofia quando esta era pequena e se magoava a brincar na rua. Com ela ao colo, fechou a porta, colocou o ferrolho e Margarida recuperou os sentidos momentaneamente, percebendo que ele os trancava do lado de dentro,
- Vais ficar?
- Sim, não te preocupes.
Ainda bem, pensou ela.

Preparou-lhe um chá calmante e levou-lho ao quarto, onde Margarida estava deitada a recuperar do choque e da falta de ar, exausta.
- Vou ficar na sala, se precisares de alguma coisa chama-me. - e beijou-lhe a testa que ainda estava gelada. Por agora deixaria Margarida descansar, mas no dia seguinte queria saber quem era Ele e o que é que ela lhe estava a esconder.

De madrugada, Margarida sentiu a porta do quarto abrir devagar e foi acordada por uma voz conhecida.
- Calma, eu estou aqui, podes dormir sossegada. - ele sentou-se na cama ao seu lado, no lugar vazio, e Margarida suspeitou que tivesse falado enquanto dormia.
De costas, fingiu continuar a dormir para evitar ter de se explicar ao polícia que lhe guardava o sono, e sentiu a ponta dos dedos dele percorrer a sua anca, subindo devagar até ao pescoço. Teve medo de ser traída pelo arrepio visível na sua pele, mas continuou a respirar devagar para simular o sono. Ele afastou os cabelos dela do pescoço, que ficou despido, e inspirou bem perto da sua cara. Aquilo era tortura chinesa, agora tinha estado a fingir que dormia e queria abrir os olhos para o agarrar, mas iria assustá-lo. Poderia alegar no dia seguinte que sofria de sonambulismo, mas a ideia era demasiado idiota.

Ele beijou levemente a sua nuca e saiu deixando-a em apneia. Quem é que ia dormir agora?

(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)

Sem comentários:

Enviar um comentário