O prédio era mesmo de frente para a praia
e Margarida sentia borboletas na barriga ao subir as escadas de mão dada com
aquele gigante que a encaminhava para a casa de férias. A certeza de saber o
motivo porque iam para ali deixava-a nervosa e receosa de que não estivesse
devidamente preparada para aquilo... Tentou relembrar-se rapidamente daqueles
pormenores femininos tão importantes no momento em que as pessoas arrancam as
roupas e estava quase certa de ter tudo em ordem.
Ele não abrandava minimamente o passo, o
que previa algo de muito intenso. Margarida rezou para estar à altura daquele
gigante, não literalmente, continuava ela nos seus devaneios, mas na
competência. Já não se encontrava naquela situação há bastante tempo e receava
estar esquecida. O facto de estar perdidamente apaixonada por ele não ajudava
em nada na sua ansiedade. Apaixonada?
- perguntou ela a si própria - Ah, ok, era bastante mais simples assim, ir
fazer amor - ironizou, sentindo a barriga dar um nó. Quis fugir dali, mas Nuno
tinha bastante força e estava determinado. Não havia saída, pensou, e não se
perdoaria se desperdiçasse aquela oportunidade de felicidade carnal.
Entraram e ele fechou a porta,
encostando-a logo à parede. Nem tinha tido tempo de respirar, bolas, que aquilo ia ser rápido demais,
lamentou ela consigo própria.
- A porta está bem fechada? - questio nou Margarida numa tentativa de ganhar
tempo para pensar onde enfiar as mãos que atabalhoadamente se tornaram num
estorvo no meio daquela ação toda. Também lhe fazia espécie imaginar que algum
familiar pudesse entrar a qualquer momento pela casa a dentro. Não percebia
como os homens podiam ficar tão embrenhados em algo, esquecendo-se de
pormenores tão importantes, como trancar uma porta, fechar uma janela que dava
para prédios vizinhos, etc.
- Hum? - Nuno não entendeu bem a pergunta.
- Podes trancar a porta? - disse ela
envergonhada.
Ele recuperou a consciência por segundos,
dirigiu-se à porta, rodou a chave e colocou o ferrolho.
- Assim está bem? - perguntou-lhe
sorrindo, e rezando para que ela não tivesse mudado de ideias naquele momento.
Ela prendeu os braços em torno do pescoço
dele sorrindo e ficou como um pêndulo enquanto ele a beijava novamente e
caminhava em direção ao quarto, tateando as paredes para não esmurrar contra
nenhum objeto do corredor. Aquela cena fê-la recordar Dinis, em quem se
pendurava também na infância. Que hora tão errada para o pai lhe aparecer nos
seus pensamentos. Maldito complexo de
Édipo! Pediu licença e afastou-o da mente, aquele momento era do Nuno.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
Sem comentários:
Enviar um comentário