- Vamos à praia? - perguntou Margarida
desanimada ao perceber que o condutor se encaminhava para a Figueira da Foz.
- Sim, porquê? Não trouxeste o biquíni? -
brincou Nuno.
- Nem no verão me apanhas despida na
Figueira! Aquilo é um frio de rachar! - comentou ela, lamentando não ter pegado
no casaco antes de sair do escritório, detestava sentir-se gelada.
- Não te preocupes, hoje não vamos nadar.
Apetece-me sentar na areia e ver os barcos a passar. - disse sorrindo na sua
direção.
- Aviso-te já que não faço topless, se era
nisso que estavas a pensar. – ameaçou brincando.
Nuno adorava aquele sentido de humor e
deixou-se ficar em silêncio durante o resto da viagem com a imagem dela em
topless na cabeça.
Margarida notou que ele sorria e
suspeitava os motivos da alegria, afinal, os homens reagiam sempre de forma
igual à palavra topless. Estupidamente contente com aquela ideia, relaxou,
baixando um pouco o banco do jipe e descontraiu as pernas colocando-as
esticadas no tablier.
Dormitou um pouco até sentir o motor
desligar e retomando os sentidos, olhou em volta admirando o local.
- Ora Viva! Isso é que é dormir! Podias
ter-me avisado que ressonavas, apanhei um susto a pensar que o carro estava com
algum problema no escape! - disse ele com gozo.
- Engraçadinho... - ela achava-lhe
bastante graça, para ser sincera, mas não podia confessar. Nunca admitiria a
ninguém metade das graçolas que já ouvira naqueles três dias em que Nuno
aparecera na sua vida. Mas ele não era Alguém, constatou admirada consigo
mesma.
Saiu do jipe, seguindo Nuno que se
descalçava no passeio para se embrenhar na areia fria daquela praia maldita.
Relutantemente imitou-o e mandou os sapatos para dentro do veículo, pouco
convencida de que queria congelar os pés.
Caminharam
no areal que parecia não ter fim, abraçados daquela forma apertada que lhe
mantinha minimamente a temperatura natural do corpo. Só os loucos é que pagavam
para passar férias num local assim, pensava Margarida distraída. Nuno tirou o
casaco e colocou-o nas costas dela receando que a frágil rapariga adoecesse.
Sentaram-se virados para o mar, com Nuno por trás dela a fazer de para-vento,
abraçando-a na totalidade, numa atitude protetora que ela agradeceu, inclinando
a cabeça e dando-lhe um beijo na cara. Não lhe apetecia conversar. Aquele
momento de intimidade em que pareciam uma concha fechada era demasiado perfeito
para ser corrompido com frivolidades, pensou ela.
(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)
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