segunda-feira, 20 de março de 2017

"Margarida, o Bom o e Mau Gigante" - Cap 6 (4ª parte)



Ficaram horas dentro do quarto impessoal da casa de férias, que ficou parcialmente irreconhecível.
Margarida estava deitada na cama de barriga para baixo, feliz. Nuno olhava-a deitado a seu lado, de cabeça apoiada numa das mãos. Com a outra percorria as costas dela, pensativo.
- Estás a pensar nos teus pais? - perguntou Margarida, receosa.
- Não - confessou ele - estava a pensar que tens uma pele demasiado macia - e levando a mão a uma nádega de Margarida, continuou a confissão - e que podia ficar horas a apalpar-te. É maravilhoso! - disse sorrindo divertido.
- Sinceramente! - exclamou ela fingindo desagrado, e lançando-se novamente nos braços dele. Aquele homem permitia-lhe ser ela própria, sem máscaras, e tinha uma sabedoria qualquer inexplicável de a fazer sentir-se bem. Comportava-se como se a conhecesse desde sempre, trazendo-lhe uma maravilhosa sensação de pertença que nunca pensou ser possível viver. Pela primeira vez na vida ela queria ser de alguém. Nuno tinha-a ganhado.

Estava na hora de voltar, Margarida precisava de resolver umas questões fisiológicas e tomar banho. Não sabia bem como se comportar, estava toda nua... Mas também, que mais havia para ver? Já tinha revelado tudo, em diferentes posições e perspetivas. O mistério da nudez da donzela já não existia. Ganhou coragem, levantou-se, procurou as suas roupas pelo quarto e dirigiu-se ao quarto de banho.
Nuno apreciava a cena de braços cruzados atrás da cabeça, esticado na cama, sorrindo orgulhoso, ela não sabia bem do quê…
- Dá-me 15 minutos de avanço e podes vir tu tomar banho, ok? - havia coisas que mesmo com ele não iria partilhar no terceiro dia, e talvez nunca na vida, não sabia bem.

Quando regressou ao quarto, já recomposta e a cheirar a "Abanderado", um gel de banho espanhol que era vendido em embalagens gigantes, ele estava ao telefone com Sofia.
- Sim, ok, tinha-me esquecido disso… Mas vamos claro, eu vou-te buscar à escola daqui a pouco. Deixo-te em casa da tia e depois vou lá ter, pode ser? Ah, vou levar companhia. - confessou ele à sobrinha. - Sim, é essa. Adeus! - e forçou a despedida para evitar ser bombardeado com mil perguntas sobre a nova namorada. As mulheres eram terrivelmente curiosas, constatou.
- Então, vais-me levar onde? Posso saber? Acho que andas a ficar muito mandão. - começou a arrumar a confusão do quarto como uma boa convidada.
- Os meus sobrinhos gémeos fazem hoje 14 anos, os filhos da Ana. Tinha-me esquecido completamente da festa de hoje à noite e a Sofia fica muito ofendida com as minhas falhas de calendário. Vamos lá jantar hoje e quero que vás comigo. - aquilo era uma estranha forma de convidar alguém para uma festa. Ela não tinha nada para fazer, nem combinações, mas podia ao menos ser questionada sobre as suas vontades... resolveu espernear um pouco para apimentar o momento, e dar-lhe uma lição educativa de como se tratava uma senhora.
- Não sei se tenho nada combinado, posso ligar-te mais logo a confirmar? - lançou ela em desafio.
- A menina esqueceu-se de que não torna a ficar sozinha em casa? - Dinis outra vez a acenar-lhe e a aparecer na sua mente. - Há um inspetor chefe da PJ a persegui-la e antes de eu o confrontar pessoalmente e lhe dar dois murros esclarecedores, não volta ao seu apartamento sem mim. - e deu-lhe um beijo na testa saindo do quarto em direção ao quarto de banho.
Margarida aceitou aqueles argumentos, minimamente válidos, e terminou a arrumação do espaço, pegando em seguida no telemóvel para ver se tinha alguma chamada perdida. Estranhou ver um sms da mãe, não era costume dela escrever em máquinas. Estaria ela finalmente a perceber o funcionamento da tecnologia? Sorriu e abriu a mensagem:

"Olá querida?
Quando voltas cá a casa?
Aparece hoje, fiz o teu bolo preferido!
Beijos
Mãe"

Ficou com remorsos ao ler a mensagem, esquecia-se frequentemente de que a mãe vivia demasiado só. Tinha de a ir ver antes do jantar, nem que fosse para lhe dar apenas um beijo.
Respondeu-lhe prontamente,

"Olá mãe,
vou aí antes de jantar! :)
Adoro-te!
Bjs
M"

- Ok, eu vou contigo conhecer a famelga toda, mas antes tenho de passar em casa da minha mãe. - gritou ela em direção ao quarto de banho.

- Que bom, queria mesmo conhecê-la! - gracejou Nuno respondendo de volta.

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(imagem, internet)

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