terça-feira, 14 de março de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 5 (7ª parte)



Nuno demorou-se a recuperar do choque e mantinha-se sentado na cadeira de Margarida a girar maquinalmente de um lado para o outro, numa atitude autista, completamente perdido nos seus pensamentos. Ela não podia deixar de se sentir culpada pela preocupação que o seu gigante carregava nos ombros, e decidiu que já tinham estado tempo suficiente naquela câmara de horrores.
- Vamos comer qualquer coisa, ou dar uma volta, apetecia-me andar de carro e esquecer um pouco isto tudo, pode ser? - e esticou a mão ao seu parceiro angustiado, que precisava bem mais que ela de sair dali.
Nuno estendeu a sua mão e deixou-se levantar, obedecendo agradecido.
- Posso escolher eu o destino? - questionou ele ligeiramente mais animado.
- Claro, tudo o que quiseres. - e Nuno sorriu saindo atrás dela. Assim que Margarida trancou a porta e prendeu uma vez mais os problemas naquela jaula hermética, ele olhou-a e disse em tom provocador.
- Tudo? - e piscou-lhe o olho colocando o braço em volta dos seus ombros.
- Mas não abuses!

Saíram abraçados do prédio, e Margarida reparou que os dois encaixavam corretamente quando estavam naquela posição, o ombro dela era como uma peça de puzzle que cabia exatamente naquele espaço por baixo do braço forte do gigante. Encostou a cabeça nele e aquele gesto carinhoso apagou quase na totalidade a tristeza do coração de Nuno. Teria de agradecer à cunhada um dia mais tarde, encontrara a peça que faltava na sua vida.

(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)

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