terça-feira, 28 de março de 2017

"Margarida, o Bom e o Mau Gigante" - Cap 8 (2ª parte)



Margarida não sentia nada para além do alívio de que a mãe estava viva, poderia morrer, sem medo. Respirou longamente e deu-lhe a ordem,
- Pode matar-me….
- Corajosa a Menina, hein? – Álvaro preparou a arma para o tiro e sorriu.

            «-Pode matar-me» - Margarida deu a ordem e Nuno acordou do transe, atirando em Álvaro, que se desequilibrou com o tiro que lhe acertou em cheio no braço que empunhava a arma. Álvaro olhou descontrolado para Nuno e correu em direção a outra porta, fugindo desarmado. Nuno lançou-se em perseguição do chefe baleado, mas a imagem de Margarida ensanguentada fê-lo estacar. Álvaro não iria longe, pensou.

O som da explosão da arma ensurdeceu-a por segundos, e Margarida esperava de olhos fechados a dor de morrer. Pensou que afinal não tinha sido assim tão difícil, estava aliviada. Ainda raciocinava, constatou com surpresa, e sentia o cheiro do seu sangue…

            Correu para Margarida, que parecia morta, soltou-a e sentou-se no chão com ela ao colo, tentando perceber o que Álvaro lhe tinha feito.

- Margarida, desculpa... – ouviu Nuno gemer aos seus ouvidos. Não estava morta? – perguntou-se, ficando novamente tudo escuro.

            A adrenalina do momento começou a extinguir-se, Nuno sentia dores fortes em todo o corpo, os olhos picavam-lhe, e pela primeira vez em muitos anos, precisou de chorar. Jorge apareceu na sala desvairado, em pânico com a ideia de que um deles tivesse sido atingido pelo tiro que ouvira vindo dali. Nuno indicou-lhe em silêncio o caminho que Álvaro tinha tomado, e o irmão obedeceu, correndo ainda mais enlouquecido depois de ver o sofrimento de Nuno com Margarida no colo, que parecia morta e percebendo que o chefe estava envolvido naquele ataque.


            Um carro chiou descontrolado, e o silêncio inundou a antiga fábrica, que retomou a sua paz fantasmagórica, enquanto Nuno recuperava as forças, reorganizando as ideias. Levou Margarida para o jipe, desmaiada e conduziu “no cinzento” até às urgências do hospital, sem distinguir o caminho que fazia. Ela precisava de cuidados médicos e essa era a sua missão, nada mais.

(direitos reservados, afsr)
(imagem, internet)

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